Assim como o Outubro Rosa estimula a conscientização da prevenção do câncer de mama, o Janeiro Branco visa estimular a compreensão de que, da mesma forma que cuidamos da nossa saúde física, também devemos cuidar da nossa saúde mental.
Como médico mastologista, considero extremamente importante colocar esse tema em evidência, visto que, ao receber o diagnóstico de câncer de mama, muitas pacientes oncológicas sofrem inúmeros desafios emocionais instigados pelo medo, preocupação, ansiedade e tristeza.
Logo, o acompanhamento psicológico antes, durante e depois do tratamento do câncer é indispensável à saúde mental e física das pacientes.
Neste conteúdo, convido você para refletirmos sobre esse assunto!
Afinal, o que é saúde mental?
Antes de mais nada, entenda que o termo saúde mental não se refere apenas a ausência de doenças psiquiátricas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental caracteriza-se por um estado de bem-estar no qual uma pessoa consegue apreciar a vida, trabalhar e contribuir para o meio em que vive ao mesmo tempo em que administra suas emoções.
A importância da psico-oncologia no enfrentamento ao câncer de mama
Ao receber o diagnóstico de uma doença como o câncer de mama, tanto o indivíduo quanto familiares e amigos podem ficar muito abalados.
Nesse sentido, o acompanhamento psicológico, muitas vezes deixado de lado, se faz extremamente necessário tanto ao paciente oncológico quanto à família.
É aqui que entra o papel da psico-oncologia (uma especialização que consiste na intersecção da psicologia e a oncologia) que busca compreender as variáveis do comportamento relacionadas ao processo de adoecimento e cura, de modo a encontrar a melhor forma de intervir para reduzir o sofrimento da paciente.
Saúde mental no diagnóstico do câncer
A sensação que a maioria das mulheres sente ao receber o diagnóstico de câncer é muito semelhante ao luto. Afinal, a descoberta da doença pode simbolizar a perda da saúde, autoestima, oportunidades e momentos futuros. Por isso, muitas mulheres têm o instinto inicial de negar a realidade.
O sentimento de injustiça e raiva também são bastante comuns nesta primeira fase. Muitas pacientes costumam se questionar sobre o porquê isso está acontecendo com elas – principalmente aquelas que levam uma vida saudável.
A depressão também é bastante frequente entre pacientes oncológicas. A mulher com câncer de mama tende a pensar sobre todas as coisas que podem dar errado durante o tratamento e como sua vida está sendo afetada pela doença.
Essa verdadeira montanha-russa de fortes emoções pode durar por meses ou anos, e a aceitação do diagnóstico é imprescindível para que a paciente possa lidar com a situação de maneira racional e tranquila.
Saúde mental no tratamento do câncer
O tratamento do câncer de mama simboliza a possibilidade de vitória, esperança e recuperação.
Contudo, com tratamentos como a quimioterapia, a mulher pode sentir muito mal-estar. Os impactos disso costumam modificar a rotina da paciente, sua autoestima e até mesmo os seus relacionamentos.
Durante essa fase, a mulher pode se sentir extremamente desanimada, irritada, frustrada e temerosa, e para não sobrecarregar as pessoas queridas, a paciente acaba guardando tudo para si!
Por isso, o acompanhamento psicológico é importantíssimo! A função do profissional será a de acolher a paciente com câncer de mama e os seus familiares, orientando-os acerca das melhores formas de lidar com essa fase emocional e fisicamente complicada.
Orientações de autocuidado para passar por esta fase com mais otimismo
Ter tranquilidade para lidar com a empreitada dessa nova realidade é fundamental, mas como manter o pensamento positivo diante de um diagnóstico de câncer?
Além da terapia, existem algumas dicas simples de autocuidado que gostaria de compartilhar com vocês. Confira-as abaixo!
Permita-se sentir. Seja gentil consigo mesma!
Muitas pacientes costumam ignorar os sinais de estresse, ansiedade ou tristeza, e tentam levar a vida como se nada estivesse acontecendo. Essa postura, acredite, acaba causando ainda mais sofrimento.
Assim, permita-se sentir e evite a armadilha de tentar manter a positividade acima de tudo. É normal ter dias ruins e se sentir desanimada, mas lembre-se de que você é muito maior do que o câncer!
Se agarre a uma rede de apoio!
O apoio da família, amigos e cônjuge é essencial desde o diagnóstico até o fim do tratamento. Então, se agarre a eles!
Tenha em mente, contudo, que seus entes queridos podem não saber exatamente como ajudá-la. Essa situação também é nova e difícil para eles. Portanto, você mesma pode dizer-lhes de que forma eles podem ajudar.
Mantenha sua rotina o mais normal possível!
O câncer de mama não precisa ser sinônimo de incapacidade. Muitas mulheres, ao receberem o diagnóstico da neoplasia, imaginam que os seus dias deverão ser totalmente alterados.
Contudo, você não precisa deixar de lado as coisas que você costumava fazer antes de receber o diagnóstico, mas lembre-se de incluir uma rotina de autocuidado nos seus planejamentos!
O seu diagnóstico não precisa ser uma sentença. Pense nele como um ponto de partida para um novo ciclo!